Sempre
produzi minhas fotos da maneira formal e clássica, revelando o filme,
impressionando o papel fotográfico e fazendo as viragens em sépia. A mudança para o digital deu-se à custa de
alguma relutância. Uma hora
começou a faltar papel, o processo digital estava lá...
Ainda acho o processo tradicional, especialmente no preto e branco,
muito bom, diferente da foto digital. Mas o processo digital evoluiu
tremendamente, e claro que é o que uso hoje, como regra.
As fotos de época digitais que produzo são processadas em laboratório
fotográfico, em papel fotográfico. Então são tão duráveis quanto as
fotos antigas, e eu dou garantia. Minha garantia vale enquanto eu ou
meus sucessores estivermos trabalhando. Eu guardo os negativos ou
arquivos digitais, todos numerados - caso haja qualquer problema na foto
do cliente, a foto será reprocessada.
Meu estúdio é muito bem servido.
Estamos desde 1998 no Museu da Imigração.
As roupas aqui estão em vários tamanhos, e a pessoa não troca de roupa - veste o traje por cima da sua roupa, como se fosse um macacão ou
avental, no melhor estilo dos fotógrafos americanos que fazem o mesmo
trabalho. Apenas não se trocam os sapatos.
Eu sou um cara fuçador. Visito bazares e brechós constantemente, mesmo
porque, com o uso, as coisas também vão estragando,
principalmente chapéus, e o material tem de ser reposto. Nos brechós
compro camisas, já comprei calça e traje completo por 1 real.
Este vestidinho rosa para meninas é um exemplo... ele não tinha gola e
nem mangas, era um outro modelo, então eu o comprei, por 5 reais, e a
costureira o adaptou para este fim. Essa costureira que trabalha para
mim é muito especial, e adapta as peças que uso com muita qualidade e
criatividade.
A experiência no trabalho levou a isto. A escolha das peças originais e
as adaptações de peças novas para este fim vão se adequando à
necessidade. Escolho tecidos que não precisem ser passados, então as
peças são lavadas e basta secá-las - as peças são desenvolvidas juntas,
como o colete preso à camisa que só tem frente, com velcro para fecho.
Todos os coletes já estão com a correntinha do relógio, alguns já tem
até a gravata...
Qualquer passeio que eu faça pelos centros das cidades é uma pesquisa
por roupas e acessórios o tempo todo. Outro dia mesmo, passando pelo
Bom Retiro vindo de um evento, reparei numa placa em uma casa: "Bazar
Beneficente"... Ah, na mesma hora eu parei e entrei... Essas
oportunidades não se pode deixar passar... Afinal, muitas vezes não se
acha nada, mas quando se acha, vale a pena.
V eja este baú verde médio: achei em Piracicaba. O porta chapéus
ao lado é
outro achado, e eu o uso exatamente para o que foi feito; quando vou a
um evento é assim que levo parte dos chapéus, leques, lencinhos e
pequenos acessórios... Há um baú verde grandão que achei no lixo, em Higienópolis. Aliás, achei dois. Passando na rua eu os vi, separei e
pedi para um porteiro guardá-los enquanto buscava o carro para
carregá-los...
Aqui no estúdio as fotos podem ser produzidas usando-se diferentes
roupas, chapéus, cenários e mobília. Os diversos fundos são papéis de
parede que se usava na época. Há uma escrivaninha com máquina de
escrever, diversas cadeiras, baús, malas, penteadeira, telefone antigo,
câmeras fotográficas de fole e com tripé de madeira e acessórios
femininos e masculinos, como bengalas, broches, leques, brincos,
camafeus e sombrinhas.
Em meu estúdio as pessoas podem ser retratadas em pé ou sentadas à
frente dos fundos de época, ou à escrivaninha, ou datilografando, ou
podem ser elas próprias fotógrafas com as câmeras antigas... Podem se
maquiar e se pentear...
O material que disponho é tão vasto que foi suficiente para montar no Museu da Imigração, a
convite da direção, o Ateliê do Fotógrafo, reprodução do que seria
um ateliê fotográfico no século XIX, fazendo parte da exposição
permanente até 2010.
Na sequência abaixo vê-se as etapas da produção de um Retrato de
Época
no Museu da Imigração, desde a escolha do vestuário, sua adaptação até a
escolha do cenário, no caso, externo, à frente da Locomotiva Nº 5. Agradecemos à
D. Zlatica de Farias, de Belo Horizonte, que gentilmente permitiu o
acompanhamento e a publicação destas fotos.
  
  
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